Período Colonial

Período Colonial

Ao longo da história, sempre houve disputas de territórios entre os povos. Nesse sentido, cada localidade descoberta crescia de acordo com a cultura do país dominante, que, por sua vez, impunha suas regras e costumes.

Diante desse contexto, a arquitetura do período colonial corresponde àquela desenvolvida durante a colonização dos países. No caso do Brasil, esse período é conhecido como Brasil Colônia, abrangendo do século XVI ao início do século XIX.

No campo da arquitetura, esse processo foi responsável por uma série de padrões que, ao longo dos séculos,

moldaram tanto a estrutura arquitetônica quanto a organização das cidades no país.

Com a chegada dos portugueses, surgiram as primeiras instalações dos colonizadores no território brasileiro. No entanto, essas construções eram marcadas, sobretudo, pela precariedade e pela insuficiência na defesa contra possíveis invasores.

A partir da decisão da Coroa Portuguesa de dividir as terras em capitanias hereditárias, administradas por donatários, começaram a surgir vilas e aglomerados urbanos. Consequentemente, esse modelo influenciou diretamente o desenvolvimento das cidades brasileiras.

Segundo Nestor Goulart Reis Filho, em seu livro “Quadro da arquitetura no Brasil”, um dos traços característicos

da arquitetura urbana em qualquer período histórico é a sua relação com o tipo de lote em que está implantada.

Assim, ao estudar o período colonial brasileiro, esse vínculo torna-se evidente, principalmente na disposição das

casas, que eram construídas lado a lado, sem recuos laterais e no limite das ruas, as quais, à época, ainda não d

dispunham de planejamento estruturado.

Além disso, a arquitetura residencial nos centros das vilas e cidades do Brasil Colônia se caracterizava por um

padrão uniforme de número de pavimentos, fenestração, área e gabarito. Frequentemente, esses aspectos eram

definidos a partir das Cartas Régias ou posturas municipais, com o objetivo de garantir uma aparência portuguesa às vilas e cidades brasileiras.

A planta baixa das habitações,

por sua vez, era estreita e alongada, permitindo aberturas para iluminação natural apenas nos cômodos contíguos à rua e naqueles localizados ao fundo. Entre esses ambientes, situavam-se as alcovas e um corredor, que podia ser central ou lateral, destinado à circulação interna.

O que é arquitetura do Brasil Colônia? - Imagem 5 de 5

Nos centros urbanos, os principais tipos de habitação podiam ser divididos entre as casas térreas, que possuíam piso em terra batida, e os sobrados, cujos pavimentos superiores apresentavam piso de assoalho.

Por outro lado, nas bordas das cidades, o afastamento dos centros urbanos possibilitava maior liberdade na construção dos edifícios. Assim, era comum a presença de construções isoladas com maior área construída e mais aberturas para ventilação e iluminação. Essas edificações, chamadas de chácaras, pertenciam às famílias mais abastadas e ofereciam facilidade de abastecimento e serviços, que ainda dependiam amplamente do meio rural.

O estudo tipológico da arquitetura do Brasil Colônia revela muito sobre a configuração social da época. Os sobrados pertenciam às famílias mais ricas, que ocupavam os andares superiores, enquanto a população escravizada residia no pavimento térreo. Ademais, as mulheres costumavam permanecer em quartos resguardados, reforçando as normas sociais vigentes.

Os escravizados, além de desempenharem diversas funções no cotidiano das casas e sobrados, eram também os principais responsáveis por sua construção. Essas edificações seguiam técnicas construtivas padronizadas, comumente utilizando paredes de pau-a-pique, adobe ou taipa de pilão.

Além da arquitetura civil de função privada, outros edifícios marcaram o território brasileiro durante o Brasil Colônia.

Entre eles, destacam-se as Casas de Câmara e Cadeia, que abrigavam os órgãos da administração pública municipal; as fortificações militares, cujo caráter defensivo, herdado da Idade Média, visava proteger o território de invasões estrangeiras; e as igrejas, que, além de sua importância política, econômica e social, foram agentes fundamentais na configuração do ambiente urbano.

A diversidade arquitetônica das igrejas tem origem nas diferentes ordens religiosas, como jesuítas, franciscanos, carmelitas e beneditinos. Cada uma dessas ordens possuía especificidades próprias, e seus programas arquitetônicos tornavam-se mais complexos à medida que se associavam a colégios e conventos.

De modo geral, a colonização portuguesa impôs a padronização das soluções arquitetônicas e urbanas, que, apesar de sofrerem adaptações ao contexto brasileiro, mantinham uma aparência semelhante à portuguesa.

Por fim, os primeiros anos do século XIX – até a Proclamação da Independência em 1822 – ainda pertenciam ao período colonial e mantinham as mesmas características arquitetônicas e urbanísticas do século anterior, demonstrando a continuidade desse modelo ao longo do tempo.

Referência bibliográfica: FILHO, Nestor Goulart Reis. “Quadro da arquitetura no Brasil”. São Paulo: Perspectiva, 2000

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