O Desconstrutivismo

O Desconstrutivismo, embora tenha um nome estranho, representa um movimento arquitetônico inspirado pela noção de desconstrução do filósofo francês Jacques Derrida (nascido em 1930).

Com isso ele queria dizer que o significado de um dado texto (ensaio, romance, artigo de jornal) é resultado da

diferença entre as palavras usadas e não de sua referência às coisas que representam.

Em outras palavras, os diferentes sentidos de um texto podem ser descobertos quando se desmonta a estrutura da linguagem em que está escrito.

A quebra da caixa

 

Nos EUA da década de 1980, esse sistema filosófico foi traduzido em edifícios projetados sob o rótulo de desconstrutivismo.

Consecutivamente, muitos arquitetos começaram a desmontar e remontar edifícios convencionais buscando imbuí-los de novo

significado, ou simplesmente para seguir mais uma nova e empolgante moda.

Naturalmente, eles não partiram em pedaços estruturas existentes, em vez disso, projetaram edifícios desconstruídos na prancheta ou no computador;

Esses edifícios, por vezes, pareciam incompletos e, em outras, altamente distorcidos.

Nos melhores casos, nas mãos de grandes arquitetos, tais edifícios tornaram-se jogos altamente refinados,

experimentos corajosos e até mesmo eletrizantes experiências; no entanto, nos piores, apresentaram-se como

projetos de baixo nível, vítimas da moda e um tanto maçantes.

PRIMEIROS PROJETOS

 

O movimento do desconstrutivismo iniciou com Peter Eisenman (nascido em 1932) que, como integrante dos New

York Five, fez um retorno consciente à arquitetura pura, branca, moderna, de Le Corbusier na década de 1920.

Pedaço por pedaço, Eisenman começou assim a desmontar na prancheta as novas casas americanas, afastando uma parede da outra e criando elisões e ilusões espaciais;

Em outras palavras, ele rompia e até espatifava a geometria racional da ortodoxia do modernismo clássico.

Em 1988, surgiram exemplos suficientes de projetos do desconstrutivismo, a maioria deles em maquete e no papel,

para uma exposição (sob a égide de Philip Johnson, de 82 anos) no Museu de Arte Moderna de Nova York. Vale lembrar que, em 1932, o Estilo Internacional se expôs sob a curadoria de Johnson, então com 26 anos, juntamente com Henry-Russell Hitchcock.

À medida que o movimento surgia e se enraizava em projetos importantes, construídos, as novas estrelas como

Daniel Libeskind (nascido em 1946) , Zaha Hadid (nascida em 1950) e, embora detestasse rótulos de qualquer
espécie, Frank Gehry (nascido em 1929), começaram a se destacar.

 

PROJETOS PARA O VITRA

A própria casa de Gehry, em Santa Mônica, Califórnia (entre 1 9 7 8 – 1 9 7 9 ) , era uma fascinante ruptura e

remontagem de uma residência, que fazia uso voluntarioso de materiais básicos dessas lojas “faça você mesmo”, como tela de galinheiro, aço corrugado e arame de cerca.

As paredes e rampas deslocadas aqui e ali, em ângulos inesperados.

Dez anos depois, Gehry construiu o Vitra Museum, em Weil-am- Rhein, Alemanha, projetada para uma companhia suíço-alemã

dedicada à fabricação de alguns dos melhores móveis de escritório, incluindo projetos de Charles e Ray Eames, além de seus próprios.

O museu era um conjunto divertido e inteiramente convincente de fluxo e interseção de planos curvos e diagonais,

os interiores ordenados de maneira inventiva mas absolutamente prática.

A imagem do museu tornou-se extremamente forte e ajudou a colocar o Vitra no mapa do design e da manufatura

modernos. No fim do século, a obra mais divulgada de Gehry é o Disney Concert Hall, Los Angeles( 1 9 9 5 – ) e o

museu Guggenheim, Bilbao ( 1 9 9 3 -1997). Ambos os edifícios importantes e espetaculares, que arrancaram aplausos de grande parte da sociedade.

Essa arquitetura moderna, sem sua forma mais ousada, conquistou popularidade, pois desafiou a sensibilidade de quem prefere uma arquitetura banal.

 

Desconstrutivismo

VITRA MUSEUM, W E I L – A M – R H E I N , 1 9 8 7 – 1 9 8 9

 

ESPAÇOS DINÂMICOS

 

Zaha Hadid, arquiteta nascida no Iraque, estudou e ensinou na London’s Architectural Association, antes de alcançar proeminência com seus sensacionais desenhos e pinturas de croquis para licitações — notavelmente para o Hong Kong Peak.

Esses trabalhos fundiram a geometria dinâmica dos construtivistas russos com as novas sensibilidades intelectuais e estéticas dos desconstrutivistas.

O primeiro edifício projetado por Hadid, foi um posto de bombeiros para a fábrica de móveis Vitra (1991), uma construção com um plano horizontal alongado e projeções angulares.

Em 1999, ela completou um edifício próximo para a exposição de paisagismo e jardinagem de Weil-am-Rhein, que incorpora um centro de pesquisa ambiental escavado no chão.

Em Londres, Hadid projetou uma grandiosa ponte na University of North London, Holloway (2001) , para ligar as várias partes do campus, separadas pela movimentada Hollowav Road.

A estrutura de aço encontra-se com os vários edifícios, que liga em sky lobbies, espaços que são usados como cafés, bibliotecas e salas para seminários.

As próprias passarelas dispõem de tecnologia computadorizada interativa que são lidas como jornais digitais por estudantes de passagem entre as diferentes partes do campus.

Externamente, da estrada, são um “jornal urbano carregando imagens móveis e projeções que formam um espaço cinemático através da Holloway Road”.

É um bom exemplo da nova arquitetura, que dá vida a uma estrada que pareceria apenas um desfiladeiro cheio de carros.

O primeiro edifício importante de Hadid foi o Centro de Artes Contemporâneas, Roma, resultado de uma concorrência internacional em 1999.

A geometria dos esboços apresentados na licitação são difíceis de compreender, mas a visão do edifício promete ser tão deliciosa quanto instigante.

A proposta era a de uma galeria que funcionasse como uma espécie de segunda pele sobre uma área urbana  flanqueada por instalações militares.

 

Ela fluiria em uma sequência de espaços complexa, de dentro para fora.

As obras de arte encontradas em ambientes inesperados, ajudam romper a uniformidade muitas vezes sufocante dos interiores das galerias de arte. As galerias sinuosas, iluminadas pela luz do dia, pretendem ser um delicado desafio aos curadores, chamando-os a interagir com a arquitetura.

Isso é o espírito do desconstrutivismo, porque rompe certezas formais e espaciais,encorajando os administradores do museu a repensar a relação entre arte e arquitetura.

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