Vamos analisar o conceito de projeto arquitetônico!
TEORIA E METODOLOGIA
Teoria = Sistema de suposições e princípios concebidos para analisar ou explicar um determinado conjunto de fenômenos
Metodologia = Estabelecer normas ou princípios de procedimentos aplicáveis na atividade de elaboração de projetos.
Estas duas palavras não devem ser confundidas a primeira busca estudar e explicar o objeto em si, ela é descritiva, analítica e explicativa, enquanto a segunda em principio é normativa, sintética e instrumental.
Seria verdadeiro dizer que teoria e metodologia, são complementares elas se interelacionam entre si de uma forma muito próxima.
Isto não cabe somente à àrea da Arquitetura, mais em qualquer outra atividade mais complexa.
Como também não há uma oposição entre a teoria e prática, ambas tem seus significados com a mesma realidade, diferentes, mais não contrários, pois tanto a razão quanto a experiência pedem uma abordagem teórica como elemento de conhecimento.
O projeto de Arquitetura tem na essência uma abordagem pratica, posto que é um processo; quando em estudo não tem porque não ter uma abordagem teórica, pois isto tornará mais fácil e racional a etapa prévia e indispensável do olhar metodológico.
ETIMOLOGIA E SINONÍMIA
Dentro da análise teórica do tema Projeto Arquitetônico é importante definir bem a terminologia, buscando claramente as origens e significados do vocábulo projeto. O estudo etimológico do termo é imprescindível. No caso é indiscutível que a origem da palavra, praticamente em todos os idiomas ocidentais, vem do latim como segue abaixo:
jactare (verbo, significando ‘lançar’, ‘arremessar’); pro (preposição, significando ‘em frente de’, ‘a favor de’, ‘em vez de’, etc) ;
projectio, projectionis (substantivo, significando ‘ação de lançar para a frente’, ‘alongamento’);
projectus (adjetivo, significando ‘lançado para a frente’, ‘proeminente’, ‘saliente’);
projicere (verbo, significando ‘lançar para a frente’).
O termo planta é usado como sinônimo de projeto.
Planta, na realidade, é apenas um componente do projeto. Desta forma é incorreto dizer: “assinar as plantas” ou “aprovar as plantas”, como fazem ainda alguns profissionais.
Em português, atualmente, a tendência é considerar projetação como o sinônimo de “ato de elaborar projetos”, no lugar de projeção que significa o “ato ou efeito de projetar” – ligado mais ao campo da matemática, geometria e da física. Isto dará maior exatidão terminológica e entrará em sintonia com os termos dos idiomas espanhol (proyectación) e italiano (progettazione), caso seja consolidado.
Também cabe colocar que projetação e planejamento não são sinônimos.
O segundo termo é o ato de elaborar planos, que apesar da afinidade lógica, não são idênticos no significado.
Plano, segundo Horácio M. de Carvalho, reúne elementos de decisão ligados à conduta de um grupo de pessoas ou unidades de produção, enquanto projeto busca a racionalização dos recursos econômicos e técnicos para a produção de um bem ou serviço.
Baseando-se em Benedito Silva, planejar é traçar o rumo da ação, buscando elencar as atos, tarefas e prazos organizadamente.
Daí podemos dizer que o projeto pode fazer parte do planejamento, mas não é o próprio.
Concluindo, planeja-se a ação (construção – processo) e projeta-se o objeto (edifício), por isso o termo “planejamento arquitetônico” é discutível, mesmo que não deixe de ser usado cotidianamente.
DEFININDO PROJETO ARQUITETÔNICO
Consiste em alcançar uma definição do objeto de estudo, que se baseia em localizar os pontos principais traduzidos em uma linguagem comum e compatível ao espectador, assim pode-se sugerir uma proposta de melhoria organizacional.
Os problemas de organização consistem na insatisfação e ou deficiência em um determinado estado ou coisa, isso induz a uma vontade de modificar o que é incomodo.
Os problemas são próprios da matéria animada, e ocorrem quando eventos ou estados característicos do processo dinâmico não se verificam.
Na arquitetura a situação insatisfatória se traduz na falta de codificação, estes problemas não se resolvem com esta constatação e sim na percepção das formas em que o edifício deverá tomar para satisfazer as necessidades antes aludidas.
O projeto não é considerado como a finalização da obra, ele é utilizado para se levantar hipóteses para melhor perceber os problemas e soluções.
A necessidade do projeto existe quando ainda não esta definido o formato real do prédio e com isto se faz um estudo da melhor alternativa para o desenvolvimento.
Um edifício pode ser construído sem um projeto, porém, um projeto não realizado, não pode ser considerado como arquitetura.
As ideias do arquiteto são consideradas como um projeto, os desenhos, cálculos de edificações e memoriais, são instrumentos que servem para representá-las.
O projeto é visto como real em determinadas situações como estudo acadêmicos ou em concursos, onde o trabalho projetual é visto como uma simulação e treinamento do estudante, sem o objetivo de reais edificações no âmbito social, mesmo se utilizados em ambientes e terrenos reais não deixa de ser um exercício didático.
No caso do concurso, o projeto serve para comparar o grau de criatividade e competência dos autores o como critério, o perfil da obra que visa a comissão.
AVALIAÇÃO DO PROJETO
Para avaliarmos um projeto arquitetônico temos que distinguir claramente entre o projeto propriamente dito e a obra.
O valor arquitetônico está na obra e não no projeto, e possível, dentro de certos limites avaliar o potencial dele enquanto proposta, entre cliente e projetista se estabelece uma aceitabilidade que satisfaça a expectativa, aspirações e necessidades para realização da obra.
Conforme recomenda Edgar A. Graeff:
No projeto, só posso avaliar com suficiente precisão uns poucos aspectos da futura obra: formato, dimensões, esquemas de circulação, condições de insolação, iluminação, ventilação, etc.
Mas quando procuro apreender os aspectos essenciais, responsáveis pelos fatores mais significativos, só me resta imaginar a forma futura da obra e prever as reações estéticas que ela possivelmente irá criar.
Para avaliação do projeto somente e possível com o emprego de instrumental teórico, já que o teste completo só e possível na obra realizada.
INTERPRETAÇÃO DO PROJETO
A principal função de um projeto é permitir que uma determinada ideia concebida pelo arquiteto possa ser compartilhada, visualizada e entendida por outras pessoas, antes da efetiva construção ou materialização para, que esta execução seja a mais perfeita possível em relação a sua criação.
Um entendimento eficaz e mais detalhado também é obtido com o auxílio de outras linguagens tais como textos, memoriais de cálculo, memoriais descritivos, especificações, etc.
Uma função também importante do projeto, conforme citado no capítulo 1 é a aprovação junto aos órgãos competentes, quer sejam municipais, estaduais e/ou federais.
Portanto, podemos dizer que uma proposta arquitetônica para uma determinada solução do entorno humano é uma forma (ou obra) que possa ser construída, que possa ser detalhadamente descrita e prescrita para sua completa execução.
Deste conceito concluímos que um projeto arquitetônico acontece em dois planos bem distintos. Primeiramente no plano mental (na sua essência), quando as idéias do projeto começam a ser concebidas, amadurecidas e definidas, o que envolve o preparo, o conhecimento e o talento do profissional.
O segundo plano é o físico, a linguagem visual que compreende os desenhos, esquemas, textos, memoriais e especificações que tornam possível a compreensão das idéias previamente concebidas.
A forma da expressão visual de um projeto não o qualifica quanto a seu conteúdo.
Podemos ter projetos medíocres apresentados com tal riqueza de recursos que podem parecer muito bons, por outro lado, ótimas soluções e projetos muito competentes podem ser mal compreendidos e considerados insuficientes ou ruins.
Portanto, a excelência nos recursos de comunicação não garantem a qualidade de um projeto.
A figura acima ilustra como projeto arquitetônico e edificação pertencem a planos diferentes.
Existindo um conjunto de necessidades ou desejos surge um programa (ou problema), o projeto define as respostas às necessidades ou problemas, ainda no campo mental.
No campo mental todas as informações são abstratas podem ser simplificadas, no campo real não, pois destas informações se dará à compreensão do projeto por outros.
QUESTÕES TERMINOLÓGICAS SUBSIDIÁRIAS
Outros elementos da terminologia utilizada no âmbito da dinâmica projetual comum e da arquitetura.
Composição: conceito preferencialmente adotado pela cultura acadêmica para identificar o processo criativo na arquitetura, consolidado no século XIX e atinge a época contemporânea.
Esta definição se tornou obsoleta devido a evolução do pensamento teórico da arquitetura. Julien Guadet, pensador téorico da arquitetura ensinava que: “compor é usar aquilo que se conhece.
A composição tem materiais, assim como os tem a construção, e estes materiais são, justamente, os Elementos da Arquitetura”.
E ainda acrescentava: “Na verdade, nada é mais atraente do que a composição, nada mais sedutor. É este o verdadeiro campo do artista, com nenhum limite ou fronteira a não ser o impossível.
Compor, o que é isso? é pôr juntas, unir, combinar, as partes de um todo.
Estas partes, por sua vez, são os elementos da composição, e assim como irão realizar suas concepções com paredes, aberturas, abóbadas, telhados
— todos, elementos de arquitetura — estabelecerão sua composição com quartos, vestíbulos, saídas e escadas.
Estes são os Elementos da Composição”.
O pensamento teórico modernista repudiou o modus operandi acadêmico, e acabou por instituir aquilo que Bruno Zevi denominou “o catálogo como metodologia de projeto”.
Desaparecendo a ‘composição‘ como processo válido de projetação,
é inevitável que, mais cedo ou mais tarde, o próprio termo fosse substituído, como de fato o foi em muitos contextos.
Desenho: termo que muitos tendem a confundir com projetação, pois o vocábulo design, do idioma inglês, tem utilização universal, e significa atividade criadora, tendo análogos em espanhol (diseno) e italiano (disegno).
Tanto a palavra ‘desenho’ quanto seus equivalentes no inglês, espanhol e italiano,
têm a mesma origem etimológica, que é o verbo latino designare, que se traduz por
‘designar’, ‘indicar’, ‘marcar’, ‘traçar’, ‘representar’ e, no sentido figurado, ‘ordenar’, ‘dispor’ ou ‘regular’.
Entretanto, o termo português ‘desenho’ corresponde normalmente ao inglês drawing
e ao espanhol dibujo, que significam a confecção de elementos gráficos (desenho), sem implicar o exercício da criatividade.
O certo é que o vocábulo ‘desenho’ pode dar margem a dupla interpretação, o que não ocorre com a palavra projetação, cujo significado é preciso.