Arquitetura Neoclássica

Os Antecedentes Europeus

O período entre 1760-1830,  para os historiadores da economia conhecido como a Revolução Industrial, corresponde, nos livros de História da Arte, ao Neoclassicismo/Arquitetura Neoclássica.

Entretanto, na arquitetura o neoclassicismo surge como uma ocorrência contra os exageros do Rococó, exaltando principalmente a razão, a ordem, a clara, a nobreza e a pureza.

Assim, esses atributos estão ligados diretamente aos ideais do movimento iluminista, e por isso o período também é conhecido por alguns autores como “Era da Razão”.

Ao contrário da arte clássica renascentista, o Neoclassicismo não veio como um estilo novo.

Em vez disso, houve uma tentativa de copiar o repertório formal clássico, em vez de buscar uma experimentação das formas.

Enquanto as “repetições” se sucediam, um novo sistema construtivo, que anunciava grandes possibilidades, ganhou força desde o final do século XIII: a estrutura metálica.

Cidades Italianas

Uma das principais influências na arquitetura neoclássica foi a descoberta arqueológica das cidades italianas de Pompéia e Herculano, cobertas pelas lavas do incêndio Vesúvio, no ano 79 A.C.

Os historiadores de arte, ao observarem essas construções, cometeram um erro de interpretação, acreditando que os edifícios gregos eram recobertos com mármore branco.

Esse erro ocasionou a construção de muitos edifícios brancos, como é o caso da Casa Branca dos Estados Unidos.

Missão Francesa

 

A origem do Neoclássico no Brasil é associada à contratação da missão cultural francesa, chefiada por Lebreton, que chegou ao Rio de Janeiro em 1816 e predominante até cerca de 1870.

A missão reuniu artistas de renome da Europa, como Nicolas Antoine Taunay, Jean Baptiste Debret, Auguste Marie Taunay e Grandjean de Montigny, sendo este último o arquiteto de maior destaque na implantação da arquitetura neoclássica no país.

A arquitetura neoclássica alcançou elevados padrões de correção formal e construtiva no Brasil, mas os recursos para sua produção e uso eram importados da Europa, o que fez com que o estilo ficasse restrito aos meios oficiais e às camadas mais abastadas do litoral.

O sistema escravagista ainda foi amplamente utilizado na construção e no funcionamento das casas, que, em muitos casos, ainda careciam de serviços essenciais como água e esgoto.

Em 1826, inaugurou os cursos da Academia Imperial de Belas Artes, que desempenharam um papel importante na formação de novos artistas e arquitetos.

Grandjean de Montigny

Grandjean de Montigny mudou-se para o Rio de Janeiro em 1816, fazendo parte do grupo de artistas franceses convidados por D. João VI para ajudar no desenvolvimento das artes no Brasil. Montigny foi responsável por projetar o edifício da futura Academia Imperial de Belas-Artes e também por importantes projetos de arquitetura pública e privada, que impregnaram com sua concepção neoclássica.

Em seus projetos, Montigny procurava organizar situações irregulares à maneira clássica, influenciando profundamente a arquitetura carioca.

Entre suas obras destaca-se o edifício da Praça do Comércio (atualmente Casa França-Brasil)

Jean-Baptiste Debret                                        

Palácio Imperial de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro.

Jean-Baptiste Debret, pintor e desenhista francês, chegou ao Brasil em 1816, também como parte da Missão Artística Francesa. Durante sua estadia no Rio de Janeiro, Debret publicou a obra Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil , na qual retratou com grande detalhamento o país, suas populações e suas tradições.

Debret registrou não apenas a dura realidade dos escravos, mas também aspectos da vida cotidiana no Brasil, como os hábitos, a religião, os festivais e as vestimentas. Sua obra é uma das fontes mais ricas sobre o Brasil do século XIX.

 

Nicolas Antoine Taunay

Nicolas Antoine Taunay, também parte da Missão Artística Francesa, chegou ao Brasil em 1816 e tornou-se membro da Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, futura Academia Imperial de Belas Artes. Taunay ocupou uma cadeira de pintura de paisagem, mas retornou à França em 1821 após desentendimentos internos na Academia.

Morro de Santo Antonio em 1816

 

O Ensino de Arquitetura na AIBA

A Academia Imperial de Belas Artes iniciou o curso de arquitetura em 1827, com autorização oficial de seu funcionamento.

Durante o período imperial, o ensino de arquitetura na AIBA teve como principal docente Grandjean de Montigny, que foi laureado pela École des Beaux-Arts de Paris.

No entanto, durante o Império, a qualidade do trabalho da AIBA e a formação dos seus alunos foram questionadas, afirmando que a instituição focava mais em uma formação artística, do que em uma base tecnológica sólida. Como resultado, a carreira arquitetônica não atraiu grande interesse, e a AIBA formou apenas um número limitado de arquitetos.

 

Arquitetura Urbana                               

Nos grandes centros litorâneos, as influências europeias eram mais complexas e evidentes. Já nas províncias, as

transformações arquitetônicas eram mais superficiais, com a arquitetura se limitando muitas vezes à imitação dos padrões dos grandes centros urbanos.

As características mais marcantes da arquitetura neoclássica eram a claramente construtiva, a simplicidade formal

e o uso de elementos decorativos como cornijas e platibandas. As residências eram construídas com paredes de pedra ou tijolo, pintadas de cores suaves, e apresentavam entradas com escadas, colunastas e frontões.

 

Palácio Itamaraty

O Palácio Itamaraty, projetado por José Maria Jacinto Rebelo(discípulo de Grandjean de Montigny), é um exemplo de construção neoclássica,

Construído com um jardim interno e palmeiras imperiais, reúne um acervo valioso no Museu Histórico e Diplomático.

 

EDIFICAÇÕES DAS PROVÍNCIAS E ÁREAS RURAIS

A ainda presente mão-de-obra escrava, era rudimentar e os elementos estruturais (taipa de  pilão, adobe ou pau-a-

pique) grosseiros, não permitiu, por exemplo, o uso de escadarias, colunatas ou frontões ou qualquer solução mais complexa.

Características neoclássicas ficam restritas a elementos de acabamento das fachadas (platibanda, arco pleno e vergas,…) ou elementos decorativos (papel de parede, gesso,…) nos interiores.

As casas rurais eram simples nos detalhes.

Havia dedicação maior nas entradas e interiores, onde a arquitetura mais se aproximava dos padrões da Corte.

As transformações arquitetônicas mais uma vez se limitavam as superfícies, com papéis decorativos ou pinturas

sobre as paredes de terra criando a ilusão de um espaço novo.

Chegava-se ao absurdo de se pintarem motivos Greco-Romanos (pilastras, colunatas, arquitraves e frisos) ou

pinturas de janelas nas paredes com desenhos de vistas sobre ambientes idealizados (Rio de Janeiro, Europa), omitindo a realidade das senzalas e dos escravos.

Apenas a posição dos cômodos parecia renovada. Sem os alpendres de acesso, os cômodos ficavam em

torno de um corredor, limitando a visão dos estranhos apenas as áreas sociais, devidamente decoradas. Os escravos permaneciam afastados para os fundos.

http://www.museuimperial.gov.br           http://www.museunacional.ufrj.br/index.htm

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