A EVOLUÇÃO NO BRASIL
Analisando, agora, o processo de evolução construtiva, no Brasil, partindo-se do período colonial, tem-se a
influência do colonizador Português, que trazendo o seu conhecimento de construir, faz com que as casas,
inicialmente, de pau a pique vão sendo substituídas pelas de adobe, e posteriormente pelo tijolo maciço.
São caracterizados, assim, os grandes casarões coloniais, tanto nas fazendas como nas cidades, moradias
dos senhores fazendeiros, comerciantes bem sucedidos e nobres.
No final do século XIX, com a abolição da escravatura, a mão de obra escrava desaparece surgindo, em seu
lugar, o trabalhador imigrante de outros países, que traziam, os seus conhecimentos, tradições e maneira
diferenciada de viver, características essas que influenciariam grandemente, o novo brasileiro que surgia.
No inicio do século XX, no Brasil, começam as transformações sociais, frutos das modificações que passam
ocorrer nos trabalhos do Comércio, nas alterações dos processos da Agricultura, e grandemente influenciados pela
o inicio da Indústria, todas essas áreas agora de uma maneira geral, comandadas pelos os imigrantes e seus
descendentes.
>>>>>>>>Essas modificações, fatalmente, resultariam no aparecimento de uma nova classe média, em ascensão econômica, e por isso, desejosos de ter suas moradias, com conforto e beleza, bem marcantes com características de suas origens, o que influenciaram a Arquitetura da época.
Nesse período, os Cursos de Arquitetura e Engenharia estavam iniciando, sendo que muitos profissionais,
que começavam a trabalhar, eram brasileiros oriundos dessas escolas, e também os que tinham suas formações
acadêmicas de Escolas Européias ou Americanas.
Lamentavelmente, também contra partida, as suas profissões, ainda não eram regulamentadas no Brasil.
Diante deste quadro, o leigo podia interferir nessas áreas, em prejuízo ao profissional formado; atravessa-se
assim, na construção, um período de repetições de trabalhos já executados, trazidos de fora, sem quaisquer vínculos com a nossa cultura, como também sem nenhuma pretensão de evoluir artística e tecnicamente.
No ano 1922, ocorre, mundialmente, uma revolução nos conceitos das artes, e no Brasil essa mudança é
marcada por um evento chamado “a semana da arte moderna” a qual influenciou grandemente aos nossos artistas,
músicos, escritores e todos os que gravitavam em torno dessas áreas.
Apesar da evolução ocorrida, em todas as áreas de trabalhos, os Profissionais (Arquitetos e Engenheiros)
sofriam concorrência, desleal aos seus estudos e diplomas, pelas as execuções de Práticos, como também
Profissionais estrangeiros trazidos, especificamente, para alguma obra ou serviço.
Oportuno, é aqui colocar um lembrete, de que os Profissionais dessas áreas, só tiveram suas atribuições
definidas e garantidas, a partir do Decreto n°. 23.569 de 11 de dezembro de 1933, pelo o qual ficava
regulamentado o exercício das Profissões de Engenheiro, Arquiteto e Agrimensor.
Esse Decreto foi promulgado, durante o Governo do Presidente Getúlio Vargas.
Por esse Decreto, que poderemos denominar como a “Lei Mãe”, o exercício da atividade técnicas, dentro do
território brasileiro foi reconhecido, e ao mesmo tempo regulamentado, como passou a ser fiscalizado em suas
atribuições.
Em reconhecimento ao feito, desse Decreto, todos os profissionais da área, adotaram essa data, 11 de Dezembro, para comemorarem o dia do Engenheiro e Arquiteto.
Esse decreto, apesar de poucos itens, foi o marco que proibiu que Leigos exercessem as atribuições dos
Profissionais das áreas da Engenharia e Arquitetura.
A construção civil, também precisou reciclar seus conceitos, de mão de obra, pois essas alterações sociais
obrigam a criar novos operários próprios, que ao longo dos anos, foram adquiridos: salários, direitos e obrigações,
que se tornariam fortes influenciadores, quanto aos custos e processos executivos.
Nessa época, é que no Brasil começam a serem desenvolvidos outros cursos, dentro das escolas de
Arquitetura e Engenharia, e, portanto as novas levas de profissionais entram para o mercado de trabalho, com
uma visão totalmente diferente, e desprendidos de quaisquer estilos arquitetônicos, ou processos construtivos.
Um ponto marcante, na evolução do sistema construtivo, ocorre com o fim da segunda grande guerra
mundial (1945), porque uma enorme leva de pessoas vindas de diversas partes do mundo imigra para o Brasil;
trazendo consigo seus conhecimentos, costumes e também suas capacidades profissionais.
E nesse momento que as capitais brasileiras, principalmente São Paulo, começa a investir nos trabalhos de
obras, e portanto, aquele processo artesanal e tradicional de construir, transforma-se na Indústria da Construção
Civil.
Esse período é de grande valor para os Arquitetos, pois deu a eles uma oportunidade impar, de poderem
desenvolver nas áreas artísticas e técnicas novos conceitos que nortearam, com liberdade, os projetos como as
obras resultantes, produzidos assim, dentro de um movimento denominado de Arquitetura Moderna.
Outras características surgem, para atenderem as necessidades que, então passaram a ser primordial, na vida
do cidadão brasileiro, tais como: automóvel, rádio, TV, telefone e alguns aparelhos domésticos.
Ao Arquiteto da época, coube a incumbência de executarem os projetos e as obras, dentro desse novo
contesto cultural, procurando desvincular-se das influências que sofriam de alguns países europeus, tanto na área
arquitetônica como construtiva.
Assim sendo tentando procurar atender, os novos conceitos de vida, que impunham
outra concepção de como construir, dentro de tecnologias até então desconhecidas, e por processos mais rápidos, que deveriam obedecer ao binômio custo / benefício.
Marca-se aqui o início do grande desenvolvimento da construção civil, sendo o concreto armado um dos
elementos decisivos e básicos, que permitiu os arrojos arquitetônicos, apoiados nos novos conhecimentos
técnicos, do emprego desse material.
Verifica-se então que nesse momento, a Arquitetura não se prestara a atender, somente os favorecidos, e
sim a todas as necessidades do ser humano produzindo obras, nas mais diversas áreas, tais como: habitação, ensino, saúde, lazer, esporte, segurança, como também, saneamentos básicos, meios transportes.
Dentro dos serviços de cunho social, os profissionais da Arquitetura, desenvolveram um trabalho, impar,
que foi a implantação de grandes conjuntos habitacionais, para todas as classes sociais, com o emprego de novos
materiais e tecnologias, independente do tipo econômico da obra.
Começam-se assim a serem pesquisados novos elementos, que puderam desenvolver concepções criativas,
porque, agora quem comandava não era a vontade de nobres, ou detentores dos poderes políticos ou religiosos, e
sim, uma situação a ser vencida, que envolvia três elementos indiscutíveis: necessidade social, tempo de execução
e custo do empreendimento.
As gerações de Arquitetos, que saíram das Faculdades, nesse período de tantas evoluções, tiverem uma posição privilegiada, pois foram elas que com seus novos
conceitos, através de publicações, exposições e eventos, impulsionaram as industrias de
materiais de construção, a reverem seus processos produtivos, criando novos produtos, como sistemas diferenciados de execuções.
>>>>>>>>O que hoje vemos como normal, de renovações de materiais, como outras técnicas de construir, tiveram
origens nas pranchetas daqueles jovens Arquitetos, que ao saírem para o mercado de trabalho, não se
acomodaram, e sim, projetaram, pesquisaram como fiscalizaram suas obras, para que os seus resultados fossem o atendimento tanto da parte estética, parte construtivas, como os objetivos para os quais foram edificadas.
Pode-se dizer, hoje com orgulho, que a nossa Arquitetura é referência mundial, e que está em um estágio
avançado tanto nos conhecimentos técnicos, como no desenvolvimento de materiais; portanto, cabe aos
Profissionais dessa área continuar suas buscas e pesquisas, que se iniciam nos bancos universitários e nunca mais terminará, pois se isso ocorrer serão superados e evidentemente, eliminados do mercado de trabalho.
Referência: https://sienge.com.br/blog/sistemas-construtivos/ e Profº Pedro Torrano (em memória)
Ver também: https://estudearquitetura.com.br/o-que-e-arquitetura-e-o-arquiteto/