Sobre a arquitetura dos engenhos, temos que: ao dar início à colonização os portugueses formalmente transferiram para o Brasil a experiência de agroindústria açucareira, que haviam desenvolvido na Ilha da Madeira.
Essas unidades produtivas do séc. XVI eram de porte médio e pequeno.
Consequentemente, no séc. XVII o Brasil tornou-se o principal exportador de açúcar não refinado do mundo, com dezenas de engenhos apenas na região nordeste.
Assim, neste período, se instalam os holandeses em Pernambuco, assumindo o controle do comércio açucareiro.
Nas formas mais simples de instalação, o engenho compreende a habitação do proprietário ou seu preposto e o setor de produção, acomodado em uma única edificação, com duas seções diversas.
Aos poucos, com a ampliação da escala de produção, com a maior facilidade de obtenção de terras e com o desenvolvimento técnico,
é que surgiram, de fato, as unidades de maior porte, com pavilhões residenciais separados dos locais de trabalho, as chamadas casas-grandes.
São Paulo: a partir de 1765, no governo do Morgado de Mateus em São Paulo, inicia-se o ciclo do açúcar do planalto paulista, fomentando assim a agricultura e o urbanismo.
Cidades como Itu e Sorocaba ganham projeção.
Composição das Edificações
“Engenho” significava, até fins do século XIX, uma propriedade rural com cultura de cana e uma sede constituída de edifícios que serviam a fins diversos:
- O engenho, propriamente dito, que dera nome à propriedade, constituía o edifício principal, do ponto de vista produtivo.
Era a fábrica, ou moita, como se lhe denomina localmente. Sob o mesmo teto deste edifício, normalmente se moia a cana e se cozinhava o seu caldo. Num edifício contíguo ou próximo, conhecido como “casa de purgar” se processava o branqueamento do açúcar.
- Para fins habitacionais do proprietário havia a “casa de vivenda”, também conhecida como “casa grande”.
- Frequentemente, também com fins residenciais, havia a casa do administrador e as casas dos escravos, ou senzalas.
- Com raríssimas exceções, todos os engenhos tinham uma capela para o culto do proprietário e da sua família, assim como dos trabalhadores livres e dos escravos.
Onde havia a presença de um curso d’água, era possível a existência de um engenho real, isto é, movido a energia hidráulica, com uma roda d’água, de eixo horizontal. Havia os engenhos “trapiches”, movidos por tração animal (bois ou cavalos).
- No século XVI eram feitas paredes grossas, em pedra.
No litoral era comum , a maioria era de uma alvenaria mais elementar, com pequenas peças de pedra, unificadas com massa de areia e cal de ostras, frequentemente entremeadas por peças de tijolos de maiores dimensões, capazes de ajustar o nível das paredes.
Essas técnicas construtivas davam às obras um caráter de robustez, que se acentuava pelo número limitado de vãos e pela simplicidade de seu enquadramento.
- Posteriormente, como podemos observar no desenho de Frans Post, eram comuns paredes simples de taipas e madeira e telhados de palha trançada.
Engenho de S. Jorge dos Erasmos
- Hoje em ruínas, pode ter sido o primeiro construído na Capitania de São Vicente e em todo o Brasil por Martim Afonso de Souza em 1532 .
- Pouco sobrou do incêndio que destruiu o engenho no século XVII: até cerca de 1930, existiam paredes inteiras remanescentes e alguns lances completos com telhas coloniais, que foram saqueadas.
A Casa Grande
A tipologia geral das construções das casas grandes tem procedência nordestina.
As chamadas casas “nortenhas”, são semelhantes às casas rurais de Portugal e têm como marca a escada externa dando acesso a uma pequena varanda ao longo da fachada principal.
Os “solares” têm semelhança com as casas rurais e urbanas de Portugal, que se reproduziram sem modificações desde o século XVII ao XIX.
As suas características básicas são: dois parâmetros, sistema construtivo em alvenaria de tijolos ou de pedra; planta retangular; estrutura de coberta em madeira e recobrimento em telhas de barro;
telhado em quatro águas e pisos de pavimento superior em tábuas apoiadas em vigamento de madeira.
Engenho Iguape – sec. XVIII casa “nortenha’’
Engenho das Pedras (Maruim, Sergipe) – Apresenta características neoclássicas, mas a varanda é construída posteriormente, não existindo no traçado original.
Referência :Profª Sonia Pardim.